Nos últimos dias, muito se tem dito e escrito sobre o Papa Francisco.
Também eu fui sentindo vontade de escrever algo… porque como tantos outros, fui tocada pelo seu exemplo. Decidir sobre o que escrever é que se tornou mais complicado! Foram tantas as dimensões inspiradoras do seu pontificado que precisei de alguns dias para parar e refletir.
Como também procuro sempre trazer uma visão que relacione ensinamentos à realidade das empresas e das lideranças, escolhi focar-me num tema que considero profundamente atual e transformador: o despojamento e a simplicidade!
O Cardeal Jorge Bergoglio, desde o primeiro momento em que foi eleito Papa, deu sinais claros de que queria fazer diferente. Inspirado por São Francisco de Assis — o santo do desapego e da paz —, escolheu o seu nome e rejeitou algumas das formalidades e símbolos de poder tradicionalmente associados ao cargo.
Sublinho que o fez sem nunca alterar a essência da sua mensagem. A Fé, o Evangelho e a Missão da Igreja permaneceram inalterados!
Enquanto Papa Francisco questionou o que considerava adorno, excesso, e que poderia causar alguma distância desnecessária entre o si, a igreja e o “seu” povo. Creio terá tido momentos em que teve a coragem de perguntar: "Será que ainda faz sentido ser assim?" — mesmo numa organização onde "sempre se fez assim" é quase uma lei não escrita.
Honestamente não considero diria este movimento de despojamento uma crítica ou desrespeito à história, mas uma atualização da forma de viver a missão no presente. Um olhar de fidelidade dinâmica, não de ruptura!
Em relação às empresas, sobretudo as familiares, ocorre-me a reflexão: quantas vezes mantemos práticas, processos, hábitos e rituais simplesmente porque "sempre foi assim"? Quantas vezes carregam o peso desnecessário que afasta do que realmente importa — a missão, o cliente, a equipa?
E que outras lições podemos aprender e aplicar?
-
Ter coragem de questionar - perguntar com honestidade: isto ainda serve o propósito da empresa? Ou é apenas tradição vazia?
-
Separar essência de adorno - assim como Francisco manteve a fé e simplificou o invólucro, também nós podemos manter a visão e os valores, renovando as práticas que já não fazem sentido.
-
Dar o exemplo a partir da liderança - a mudança começa no topo. Não se pede simplicidade aos outros se não a vivermos primeiro.
-
Focar no que aproxima, não no que distancia - processos, comunicação, cultura... tudo deve aproximar e servir as pessoas, não criar barreiras.
-
Construir o futuro com raízes no presente - honramos a história quando a usamos como alicerce, não como âncora.
E uma reflexão final...
O despojamento que Francisco nos mostrou não foi sobre perder, mas sobre ganhar: ganhar leveza, foco, força interior… autenticidade!. E na procura da simplicidade talvez a pergunta mais poderosa seja: Se começássemos hoje, do zero, o que manteríamos? E o que deixaríamos para trás?
No entretanto é meu desejo que… profissional e pessoalmente:
- Tenhamos a sabedoria de distinguir entre o que é essencial e o que apenas ocupa espaço.
- Tenhamos a coragem de nos despojar do que já não serve.
- E que tenhamos a humildade de caminhar mais leves, mais próximos, mais verdadeiros — como Francisco nos ensinou.
...