Ao longo destes anos, pós pandemia, fiquei mais alerta em relação a dois conceitos fundamentais que impactam diretamente a tomada de decisão e que estão relacionados com a gestão em escassez vs a gestão em abundância. Diria que ambos refletem estilos de liderança, estão intrinsecamente ligados ao mindset (que começa com o do empresário!) e às crenças que todos temos sobre recursos (em escassez ou abundância) vs oportunidades!

Gestão em Escassez: Negação, Desculpas e Culpados

A gestão em escassez é normalmente caracterizada pelo foco nas limitações, na falta de recursos e nos desafios… muitas vezes associados à negação da realidade, à busca por desculpas e à tendência de culpar fatores externos ou outras pessoas pelos resultados obtidos (ou não!). Os comportamentos que observo são:

• Decisões baseadas no medo: prioriza-se evitar perdas em vez de buscar ganhos.
• Ficar na zona de conforto: por exemplo não se tomar iniciativa para mudar cenários adversos.
• Falta de responsabilidade: culpa-se o mercado, a equipa ou as situações externas pelos resultados.

Em consequência esta mentalidade acaba por limitar a capacidade de inovação e bloqueia a procura pelo crescimento pessoal e organizacional, criando um ciclo de estagnação!

Gestão em Abundância: Propriedade, Responsabilidade e Prestação de Contas

Por outro lado, a gestão em abundância está associada à capacidade de assumir propriedade pelos resultados, responsabilidade pelas próprias ações e disposição para prestar contas e em geral observo:

• Busca pela inovação e soluções criativas: desafiar o status quo para superar desafios, por exemplo!
• Assumir o controlo: ver-se como o principal responsável pelo sucesso dos seus resultados!
• Foco no crescimento pessoal: investir em conhecimento, novas habilidades e competências para responder às novas exigências do mercado!

Preferir uma gestão em abundância é reconhecer que, para que os resultados mudem, é necessário antes de tudo mudar a forma de pensar e agir para se criar um ambiente favorável à evolução da liderança e da organização como um todo. Bem sei que falar ou escrever é fácil pois a transição de uma mentalidade de escassez para abundância requer disciplina, resiliência, autoconhecimento, compromisso, aceitar a responsabilidade, estar disposto a prestar contas para poder aprender com decisões ou ações mais infelizes e valorizar os recursos e as conquistas… entre outros!

Concluindo o que observo é que a escolha entre gestão em escassez e gestão em abundância é um reflexo direto do mindset (e não tanto da situação do mercado em si!) e assim as equipas são mais motivadas, os processos mais eficientes e os resultados mais consistentes!