(Parábola de James Aggrey, 1925, Gana)
"Era uma vez um camponês que na floresta apanhou um filhote de águia e o manteve em cativeiro na sua casa colocando-o no galinheiro junto às galinhas. O filhote de águia cresceu e viveu como uma galinha durante quase 5 anos.
Um naturalista, de passagem, visitou por acaso o camponês. Enquanto passeavam pelo jardim, disse o naturalista:
- Esse pássaro não é uma galinha. É uma águia.
- De fato, disse o homem - É uma águia. Mas eu a criei como galinha logo ela não é mais águia. É uma galinha como as outras.
- Não, retrucou o naturalista - Ela é e será sempre uma águia. O seu coração a fará um dia voar para as alturas.
- Não, insistiu o camponês. Ela tornou-se galinha e jamais voará como águia.
Então decidiram fazer uma prova. O naturalista tomou a águia, ergueu-a bem alto e, desafiando-a, disse:
- Já que de fato és uma águia, já que pertences ao céu e não à terra, então abre as tuas asas e voa!
A águia ficou sentada sobre o braço estendido do naturalista. Olhava distraidamente ao redor. Viu as galinhas lá em baixo, comendo grãos. E num salto juntou-se a elas.
O camponês comentou:
- Eu lhe disse, ela tornou-se uma simples galinha!
- Não, insistiu o naturalista. - Ela é uma águia. E uma águia sempre será uma águia. Vamos experimentar novamente amanhã.
No dia seguinte, o naturalista subiu com a águia ao telhado da casa e sussurrou-lhe:
- Águia, já que és uma águia, abre as tuas asas e voa!
Mas, quando a águia viu lá em baixo as galinhas comendo no chão, saltou e foi parar junto delas.
O camponês sorriu dizendo:
- Eu já lhe tinha dito, ela tornou-se numa galinha!
- Não, respondeu firmemente o naturalista. - Ela é águia e possui sempre um coração de águia. Vamos experimentar ainda uma última vez. Amanhã a farei voar.
No dia seguinte, o naturalista e o camponês levantaram bem cedo. Levando a águia foram para o alto de uma montanha. O sol estava a nascer e os picos das montanhas pareciam iluminados.
O naturalista ergueu a águia para o alto e ordenou-lhe:
- Águia, já que és uma águia, já que pertences ao céu e não à terra, abre as tuas asas e voa!
A águia olhou ao redor. Tremia, como se experimentasse uma nova vida. Mas não voou. Então, o naturalista segurou-a firmemente, bem na direcção do sol, de modo que os seus olhos pudessem se encher de claridade e verem as dimensões do vasto horizonte.
Foi quando ela abriu suas potentes asas. Ergueu-se, soberana, sobre si mesma. E começou a voar, a voar para o alto e voar cada vez mais para o alto. Voou. E nunca mais retornou."
Gosto desta parábola pois alerta-nos essencialmente para a nossa auto-estima, que não é mais do que a capacidade de percebermos se temos ou não as competências para enfrentar certos desafios. Estas baseiam-se nas crenças (algumas subjectivas) que justificam os nossos comportamentos (agimos como Galinhas!). Não avançamos e mantemo-nos na zona de conforto… essa que estamos acostumados e que não nos causa nenhum tipo de medo, ansiedade ou risco. Primamos a sensação da segurança pela realização de avanços com evolução no desempenho.
Porém, em tempos desafiantes como os actuais acredito que é preciso ser Aguia! Abrir as asas e voar. Voar como as Águias. Não nos deitarmos a suspirar que o mundo mude ou a sonhar passivamente que um rasgo de sorte algum dia se cruze no nosso caminho. Não “olhemos para os nossos pés” contentando-nos com os grãos que o nosso olhar alcança. É preciso ser Aguia. Abrir as asas e voar. Ocupar o “lugar” lá no alto da montanha… seja esta de que tamanho for.
E parafraseando alguém😉: Setembro é amanhã! e eu escolho ser Águia!
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